domingo, 8 de março de 2009

Convicção e firmeza ética – escolhas morais para a comunidade global

No final da II Guerra Mundial, a mais mortífera da história da Humanidade, os países vencedores propuseram a criação de uma nova organização internacional que mediasse os conflitos no Mundo: a Organização das Nações Unidas. Foi neste contexto que surgiram um conjunto de instituições como a UNICEF (com o objectivo de defender os direitos das crianças) ou o Fundo Monetário Internacional (entre outros, com o objectivo de regular o sistema financeiro a nível mundial). Contudo, depressa se veio a constatar, que os países vencedores da guerra constituíam aqueles com maior influência ao nível das decisões destas instituições.



Infelizmente, nos anos seguintes, o papel da ONU não foi tão preponderante quanto se pretendia. Entre a década de 50 e 80, o Mundo esteve dividido em torno de dois blocos: de um lado a NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte), politicamente liderada pelos Estados Unidos da América e, do outro, os chamados países do Pacto de Varsóvia, liderados pela então URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). De um lado e de outro, os EUA e a URSS praticaram o que ficou então designado de corrida ao armamento nuclear e a segurança da Humanidade esteve seriamente em risco: o Mundo esteve à beira de uma terceira guerra mundial e de uma terrível catástrofe nuclear. Mas se estes países nunca se chegaram a confrontar directamente, tal não significa que a chamada guerra-fria, não tenha acontecido em diversos palcos mundiais. No Vietname, no Afeganistão ou em Angola, grupos locais opuseram-se com armas e até exércitos oriundos destes dois blocos políticos: o leste e o oeste.







Com o colapso do bloco soviético, os Estados Unidos da América afirmaram-se como a grande potência militar do Mundo e, já no século XXI dirigiram invasões a países no Médio Oriente, já sem o receio da posição do antigo bloco soviético. Em termos económicos, diversos países de influências comunistas (até então alinhados com a URSS), encetaram um processo de abertura ao Ocidente. Em termos genéricos o processo consistia na atribuição de vários milhões de dólares em empréstimos e subsídios por parte do FMI, em troca da liberalização das suas economias, da privatização de empresas públicas e entrada de capitais estrangeiros. A venda dessas empresas públicas foi normalmente acompanhada de processos de corrupção, que envolveram não só as elites políticas desses países, mas também de países ocidentais (dos Estados Unidos e da Europa). Por este motivo, uma das condições da ajuda proveniente do FMI passou a ser a “boa governação”. O FMI concedeu um conjunto de apoios ao investimento em infra-estruturas e na formação dos recursos humanos. Contudo, a grande maioria da tecnologia adquirida, bem como dos consultores contratados (muitas vezes com salários bastante desproporcionados) era proveniente da Europa e dos Estados Unidos da América, pelo que este apoio ficou conhecido por “ajuda boomerang”. Os países sub-desenvolvidos estavam assim dependentes das condições impostas pelos países doadores.



Actualmente o Mundo assiste à entrada de um novo parceiro económico Mundial: a China. Em 2005 Angola negociava um empréstimo junto do FMI de vários biliões de dólares mas enfrentava um conjunto de exigências relacionadas com a boa governação, com os “direitos humanos” ou com a privatização de sectores-chave da economia angolana. Foi neste contexto que a China, ávida de adquirir petróleo para sustentar a sua indústria em crescimento, concedeu um empréstimo ao Estado Angolano, unicamente em troca de petróleo e sem exigências em termos de ética ou de direitos humanos. Apesar dos protestos das ONG’s locais e dos países ocidentais (não obstante o seu passado colonizador), um facto é que a China passou a representar uma terceira força negocial, que veio para ficar.



Actividade: Com base neste texto reflicta sobre o papel das diferentes entidades mencionadas (alianças políticas, ONU, UNICEF, FMI, ONG’s…) ao nível da promoção de um desenvolvimento sustentado no Mundo. Avalie o papel dessas diferentes instituições ao nível da defesa dos interesses próprios ou da promoção da solidariedade.